Escrevi em quatro papéis diferentes. Cada um deles enfiei num dos quatro envelopes que ainda guardo numa gaveta. Anotei meu endereço num de seus lados externos. Então levantei bem cedo um dia e caminhei numas ruas. Segui sem me aproximar nem um metro de quem quer que fosse. E, em algumas caixas de correio, os depositei. Depois disso, algumas pessoas os abriram. Talvez antes tenham deixado os envelopes isolados, aguardando que seus coronavírus morressem. Quem sabe lavaram as mãos bem depois de tocarem essas correspondências? Mas passada toda a esterilização, ou mesmo sem ela, viram no interior de cada envelope um papel. E cada um deles com o texto que você lê agora, manuscrito.

Redigir nestes papéis e remetê-los foi a forma que me ocorreu de encostar; de aludir a um toque, uma proximidade. Esta, então, é uma carta que lembra a mediação que faz entre as palmas de gentes distintas. E que se proclama, por isso, como um cumprimento. Porém menos como um aperto de mãos; mais como aquele esbarrão que damos em alguém e que, por força dum pedido de desculpas, se torna um abraço tímido.

Por isso, um abraço.

Uma vida maravilhosa para você e quem mais você quiser que a tenha.